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PEDRO ARTURO ESTRADA
( Colômbia )
Pedro Arturo Estrada nasceu em Girardota, Antioquia, Colômbia, em 1956. Poeta, narrador e ensaísta, foi workshop literário e membro da equipe de trabalho da Casa da Poesia Porfirio Barba Jacob em Medellín. Seus textos foram incluídos em diferentes antologias, revistas e jornais da Colômbia e do exterior. Recebeu o prêmio de poesia Ciro Mendía em 2004. Co-fundador da revista Fuegos. Publicou os livros: Poemas en blanco y negro , 1994; Fatum , 2000; e Oscura Edad y otros poemas , 2005.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
MUESTRA DE POESÍA DE MEDELLIN 1950-2011. Carátula: Germán Londoño. Medellín, Colombia: 2011. 381 p.
ISBN 978-958-44-8484-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
LAS BRUJAS DEJABAN CONTEMPLAR
SUS ENCANTOS
He visto sonreír
las caras ebrias de hechiceras aquellas noches
cuando las horas altas oprimían los huesos
y el alma se arrastraba
como una luna achacosa.
Jóvenes e expertas en un arte de siglos,
febriles, vagamente sensuales
untaban sus ungüentos prodigiosos
como se acariciaran un amante dormido
en sus cuerpos desnudos…
Mi corazón bebía compartiendo el secreto
el vino oscuro, mágico
de una nueva locura.
BACH
Esa noche
alguien abrió una puerta desconocida
y la casa fue pasto de la araña
que por primera vez aparecía
en nuestra corta existencia.
Su caliente terror en los poros,
su red meticulosa,
áspera,
metálica,
cayó sobre nosotros.
La llamamos J. S. Bach.
TRENO POR LOS MUCHACHOS MUERTOS
Para Javier Àngel y Diogo Alexander Estrada /en memoria
Su silencio es herida mortal, oscuro
labio que condena la luz de una ciudad que como pájaros
los vio pasar y caer sobre sus calles
una noche, una tarde, una mañana cualquiera…
¿Dónde están hoy sus rostros de estrella modular
sus ojos de inquietud, su fuego, su deseo insaciable?
… Sus gritos ¿a que fondo, a qué altura
a qué extrema frontera se lanzaron?
La noche los acogió bajo su ala de cuervo
y entre estallidos cósmicos sus voces
melodías eléctricas modulan
con la mecánica estelar.
Pero sólo el asfalto aquí abajo
sólo el perfil danzante de la nube
en lo alto de la casa, ese rincón donde alguien
que los amó los recuerda,
sólo el libro, la flor que nuevamente se abre
en el pequeño jardín, la música y las fotografías
en el álbum guardadas son vestigios
de su paso apurado por la tierra,
ángeles niños súbitamente desaparecidos.
En otras bocas, otros ojos volverán a moldear-se
caso su milagro,
Pero ¿quién nos dirá
qué verdad, qué grandeza, qué mundo irrepetible
se ha perdido, se ha ofrendado al abismo?
OTRA CASA
Habito, después de todo, la casa construida en sueños, la
casa
levantada en la región translúcida,
en el deseo inmensurable.
Sus cimientos se afianzan en la niebla,
junto al acantilado de la nada se yergue. Y, sin embargo,
en sus profundos salones silenciosos me refugio.
A través de sus viejas ventanas entreveo en la luz famélica
del mundo.
Por sus pasillos me extravío, en sus rincones me
reencuentro;
bajo su techo cóncavo descifro
La imagen y el lenguaje sin edad del vacío…
Sus paredes no ocultan, revelan mis secretos
al son furtivo que las hiere.
Mas no está en sitio alguno nomenclada:
Mi casa soy yo mismo.
…Heredará la muerte sus jardines.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
AS BRUXAS DEIXAVAM CONTEMPLAR
SEUS ENCANTOS
Eu vi sorrir
as caras ébrias de feiticeiras naquelas noites
quando as altas horas oprimiam os ossos
e a alma se arrastrava
como uma lua achacosa.
Jovens e expertas numa arte de séculos,
febris, vagamente sensuais
untavam seus unguentos prodigiosos
como se acariciassem um amante dormido
em seus corpos desnudos…
Meu coração bebia compartilhando o secredo
o vinho escuro, mágico
de uma nova loucura.
BACH
Nessa noite
alguém abriu uma porta desconhecida
e a casa tornou-se pasto da aranha
que pela primeira vez aparecia
em nossa curta existência.
Seu que terror nos poros,
sua rede meticulosa,
áspera,
metálica,
desabou sobre nós.
Nós a denominamos J. S. Bach.
TREINO PELOS JOVENS MUERTOS
Para Javier Àngel e Diogo Alexander Estrada /em memória
Seu silêncio é ferida mortal, escuro
lábio que condena a luz de uma cidade que como pájaros
viu-os passar e cair sobre suas ruas
uma noite, uma tarde, uma manhã qualquer…
Onde estão agora seus rostos de estrela modular
seus olhos de inquietude, seu fogo, seu desejo insaciável?
… Seus gritos a que fundo, a que altura
a que extrema fronteira se lançarão?
A noite os acolheu como asa de corvo
e entre explosões cósmicas suas vozes
melodias elétricas modulam
com a mecânica estelar.
Mas apenas o asfalto aquí embaixo
apenas o perfil dançante da nuvem
no alto da casa, esse recanto onde alguém
que os amou os recorda,
apenas o livro, a flor que novamente se abre
no pequeno jardim, a música e as fotografias
no álbum guardadas são vestígios
de sua passagem apressada pela terra,
anjos infantis subitamente desaparecidos.
Em outras bocas, outros olhos voltarão a modelar-se
acaso seu milagre,
Mas quem nos dirá
que verdade, que grandeza, que mundo irrepetível
perdeu-se, ofereceu-se a abismo?
OUTRA CASA
Habito, depois de tudo, a casa construída em sonhos, a
casa
levantada na região translúcida,
no desejo incomensurável.
Seus cimentos se ancoram na névoa,
junto ao penhasco do nada se ergue. E, no entanto,
em seus profundos salões silenciosos me refugio.
Através de suas velhas janelas entrevejo na luz famélica
do mundo.
Por seus corredores me extravio, em seus recantos me
reencontro;
debaixo de seu teto côncavo decifro
A imagem e a linguagem sem idade do vazio…
Suas paredes não ocultam, revelam meus segredos
ao som furtivo que as fere.
Mas não está em lugar algum nomenclaturada:
Minha casa sou eu mesmo.
…Herdará a morte seus jardins.
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Página publicada em janeiro de 2023
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